Estamos entre cinco maiores centros de pesquisa do País, diz diretor de Escola de Oncologia

Estamos entre cinco maiores centros de pesquisa do País, diz diretor de Escola de Oncologia

Nos 70 anos da Liga Contra o Câncer, completados este ano, o diretor do Departamento de Ensino, Pesquisa e Educação Comunitária – Escola de Oncologia, médico Edilmar de Moura, fala dos avanços da instituição na área da pesquisa contra a doença que, nos próximos vinte anos, dobrará os atuais números no mundo. Edilmar de Moura ressalta a importância da Liga como centro de tratamento e de pesquisa do câncer cuja taxa de mortalidade está caindo. Muitos pacientes ficam curados, relata. Confira a entrevista a seguir.
 
Foto: Alex Régis
Qual a estrutura de ensino e pesquisa da Liga, hoje?
No ano passado, o Departamento de Ensino e Pesquisa se transformou em uma das unidades da Liga, que é a Escola de Oncologia que trouxe todo o know how. Na área de ensino temos hoje 62 médicos residentes formados, fora a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é o maior centro formador de médicos do Estado. Hoje, temos sete programas de residência médica em funcionamento que culminam com 17 vagas por ano e temos três programas de residência multiprofissional que abrangem as áreas de nutrição, farmácia e enfermagem. No próximo ano abriremos a área de serviço social e física médica. Temos também pós-graduação em parceira com a UERN em Enfermagem Oncológica e este ano teremos as turmas da Liga e UERN em Mossoró e Caicó. Hoje, a Escola de Oncologia transpõe o ambiente oncológico para trazer informações.
 
Que tipo de atendimento a Liga presta à população?
Os médicos recomendam hoje que seus pacientes façam exames na Liga, independentemente, do câncer. Muita gente ainda tem a percepção de que isso aqui é um hospital para pobre com câncer. Que é um hospital sujo, cheirando a xixi, com maca em corredor e não é nada disso. O reposicionamento transforma a Liga na função oncológica que é nossa missão. Nossa veia é atender câncer, transformar vidas mas cria essa outra marca, esverdeada, a Liga diagnóstico para que as pessoas entendam cada vez mais que não precisam estar com câncer para fazer (exame) na melhor ressonância da cidade, para fazer ultrassonografia. Aqui dentro da sala de radioterapia, a mesma máquina que trata o paciente da rede particular trata o paciente da rede pública, só que o sistema público de saúde não cobre esse tratamento que é feito aqui. Por isso que a população deve, na nossa visão, escolher a Liga. Primeiro porque ela está sendo bem assistida porque o foco principal do hospital é o paciente; segundo, porque há qualidade em tudo; terceiro, usar o exame na Liga é uma ação social.
 
Como é o programa de pesquisa da Liga?
A Liga tem um programa junto ao Ministério da Educação, chamado PIBC (Programa de Iniciação Científica), onde o CNPq (órgão governamental de fomento à pesquisa) fornece bolsas para alunos que produzam trabalhos científicos dentro da Liga. Os aprovados depois de selecionados por edital, passam um ano conosco fazendo pesquisa. Temos também o Núcleo de Pesquisa, onde médicos assistentes da Liga, junto com os residentes, se juntam para produzir cientificamente. Eles transformam o nosso grande volume de pacientes em dados. O terceiro, mais forte e pesado ponto é o Departamento de Pesquisa Clínica.
 
O que faz esse Departamento?
Hoje, há pesquisa para comprovar que (determinado) medicamento deve ser usado pela população. Eu preciso testar em centenas, milhares de pacientes. Como isso acontece? A indústria farmacêutica organiza pesquisas no mundo inteiro com vários hospitais. E segue uma lei mundial, das boas práticas clínicas. A Liga participa hoje da Rede Mundial de Pesquisa. Nós já participamos de 112 estudos e temos 25 abertos, ainda incluindo pacientes.
 
Quais são os benefícios desses estudos?
Primeiro, geralmente nós estamos falando de uma tecnologia de um medicamento ou um tratamento, que é ou ainda muito caro, ou ainda não está sendo coberto pelo sistema público, nem pelo privado. O paciente da Liga que deseja e tenha os critérios para entrar na pesquisa público-privado, passa a receber todo o tratamento. É uma felicidade a gente ver o remédio sendo lançado para o mundo usar e a gente já conhecer.
 
Para onde vão esses resultados?
Há um mês, durante o maior congresso de oncologia do mundo, que ocorreu em Boston (EUA), o Congresso da ASCO (Associação Americana de Cancerologia), nós tivemos uma publicação no New England Journal of Medicine, jornal britânico conhecido como o principal periódico médico do mundo. Nunca tínhamos conseguido isso. Foi a primeira vez. Isso fecha um ciclo: de um aluno que começa na graduação, passando pela residência médica e chegando nos profissionais que atendem e fazem pesquisa.
 
Como a pesquisa da Liga se insere no contexto nacional?
O Brasil melhorou muito do ponto de vista de pesquisa mas ainda convivemos com “ilhas” de pesquisa no País. Na área médica oncológica, não tenho nenhum receio em dizer que estamos entre os cinco maiores e mais importantes centros de pesquisa do câncer no Brasil, porque os números (exames, diagnóstico, tratamento, pesquisa) mostram isso.
 
Tudo que se refere a câncer é caro: exame, diagnóstico, tratamento, pesquisa. Como isso funciona aqui dentro?
Hoje, 70% do volume de atendimento aqui é SUS. Isso correspondente a aproximadamente 30% da receita da instituição. Trinta por cento do volume aqui é convênio particular, e isso corresponde a 70% da receita da instituição. Nós não temos aqui no nosso Estado um perfil de grandes doações. Mas as doações através da Cosern, do site, hoje representam R$ 250 mil por mês. Isso é importante para a Liga.
 
Que tipo de pesquisa?
Os principais tipos que realizamos aqui são para mama, pulmão, próstata, cabeça e pescoço e tireóide, os principais sítios. O principal modelo de pesquisa é o que se chama de estudo clínico fase 3. Estudo onde se testa o novo versus o atual, onde se faz um versus o outro, ou os dois grupos (de pacientes) receberem o atual e um grupo receber também o novo, em termos de medicamento, técnica cirúrgica, e em termos de técnica de radioterapia. Essas são as principais linhas de pesquisa do Departamento de Pesquisa Clínica. A outra linha de pesquisa muito importante aqui, são os cortes retrospectivos, que são os estudos onde nós temos a capacidade de analisar os nossos resultados.
Conteúdo via Tribuna do Norte

Notícia Anterior

Próxima Notícia

Deixe seu comentário